O aumento do IVA e o fim da isenção fiscal ao biodiesel são factores que ajudam a explicar o preço elevado dos combustíveis em Portugal, diz o secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), em declarações à Renascença.
António Comprido alude ainda à subida dos preços dos produtos nos mercados internacionais e a desvalorização do euro face ao dólar, para justificar a subida da gasolina e do gasóleo.
Os dados mais recentes do boletim sobre combustíveis da Direcção Geral da Energia da Comissão Europeia, relativos a 3 de Janeiro, indicam que em Portugal cada litro de gasóleo ainda sem impostos é 3,7 cêntimos mais caro do que a média dos 27 países da União Europeia.
Actualmente, o preço de referência do litro de Gasóleo em Portugal está nos 1, 31 euros e a Gasolina ronda o 1, 51 euros por litro. São os preços mais elevados desde o terceiro trimestre de 2008, altura em que o preço do petróleo atingiu máximos históricos, acima dos 147 dólares por barril.
Camiões poupam 200 euros se abastecerem em Espanha
A disparidade fiscal está na origem da diferença de preços dos combustíveis entre Portugal e Espanha. Entre os consumidores, a Associação Nacional de Transportadores Pesados de Mercadorias (ANTRAM) volta a insistir na necessidade de uma harmonização fiscal entre Portugal e Espanha.
António Mouzinho diz que é possível poupar 200 euros caso se abasteça de combustível um camião português em Espanha.
Neste cenário, o presidente da ANTRAM diz que Portugal está a perder receita fiscal para Espanha e alerta para as dificuldades vividas pelos responsáveis pelos postos de abastecimento de combustível nas regiões de fronteira.
O presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), Virgílio Constantino, garante que os constrangimentos começam a sentir-se a 70 quilómetros da fronteira de Espanha.
Virgílio Constantino diz que, no contexto actual de forte crise, não é possível baixar o imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP), mas garante que não vai deixar cair essa pretensão no futuro.
Também António Mouzinho, da ANTRAM, defende a descida do ISP e advoga a criação, a nível europeu, de uma autoridade reguladora do mercado energético.
Quebra no consumo de combustíveis
Revendedores e distribuidores queixam-se de uma retracção no consumo de combustíveis. O presidente da ANAREC, Virgílio Constantino, revela que no inicio do novo ano se regista uma nova descida nas vendas.
Também a Associação de Empresas Petrolíferas regista uma quebra nas vendas, de acordo com António Comprido.
Os portugueses estão a consumir menos combustíveis, uma situação provocada pela subida de preços. Em contrapartida, há cada vez mais pessoas a abastecer em Espanha.
Na análise de Álvaro Santos Almeida, Professor da Faculdade de Economia do Porto, a acentuada diferença de preço nos combustíveis nos dois países tem sempre consequências negativas na economia portuguesa.
fonte:http://www.rr.pt/