O consumo de combustíveis tem aumentado - 3,4% até julho, face a igual período de 2014 - e essa tendência deve-se em grande medida às versões simples (low cost), que já pesam 77% nas vendas gerais da gasolina e 52% no caso do gasóleo. O ganho médio para o consumidor é de 2,6 cêntimos por litro, mas quem opta pelas bombas dos hipermercados consegue poupanças maiores.
O grande impulso para a generalização do acesso às versões simples dos combustíveis aconteceu há precisamente seis meses, altura em que uma lei obrigou todos os revendedores a terem pelo menos uma mangueira de gasóleo e outra de gasolina em versões low cost. De fora desta obrigação estavam, obviamente, todos os postos pertencentes aos hipermercados ou operadores que já comercializassem só combustíveis simples, isto é, sem aditivos.
“O balanço é claramente positivo e podemos afirmar que a lei tem sido um sucesso. Tem cumprido os seus objetivos principais, ao garantir que todos os consumidores têm acesso a um combustível simples que cumpre todas as normas de segurança e que é mais barato”, afirma ao JN/Dinheiro Vivo Paulo Carmona, presidente da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC).
Do lado de quem produz e vende combustíveis, a perspetiva é precisamente a contrária. A Associação Portuguesa das Empresas Petrolíferas (Apetro) defende que todos perderam com a lei dos combustíveis simples, menos os postos dos hipermercados, e promete não desistir da luta na Justiça pela reversão da legislação. “O mal está feito, mas vamos lutar para que a lei seja revertida”, afirmou o secretário-geral da Apetro, António Comprido, em declarações à Lusa.
Margens dos revendedores
João Durão, presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), tem uma visão semelhante à veiculada pela Apetro, mas com uma agravante. “Obrigaram-nos a comercializar os combustíveis simples e não ganhámos nada com isso. Só teríamos ganho se as petrolíferas nos vendessem as versões simples a um preço muito mais baixo. As nossas margens são demasiado pequenas”. Abílio Fernandes, dono de um posto de marca branca em Melgaço, reforça essa ideia da ANAREC. “Foi tudo uma farsa. A diferença para o consumidor é de apenas dois ou três cêntimos, mas os clientes sabem que conseguem descontos entre 10 e 15 cêntimos nos hipermercados. Os meus clientes acabam por colocar mais da versão aditivada”.
“O mercado está mais dinâmico e prova disso mesmo são as diferentes opções por parte das empresas que operam no mercado na resposta à nova lei, mas também há já uma descida das margens da revenda”, afirma Paulo Carmona, acabando por dar razão às queixas da ANAREC.
A ENMC calcula que a poupança média para o consumidor que adveio da lei dos postos low cost foi de cerca de 2,6 cêntimos por litro. Os dados relativos aos preços praticados pelos hipermercados confirmam as reclamações dos revendedores e corroboram a ideia da Apetro segundo a qual foram as grandes superfícies que mais beneficiaram. O preço médio do gasóleo simples está em 1,149 euros e há um hipermercado que vende o mesmo combustível 12,4 cêntimos mais barato. No caso da gasolina 95, o preço médio está nos 1,408 euros, mas aquela mesma grande superfície vende a versão low cost 16 cêntimos mais barata.
fonte: http://www.dinheirovivo.pt/