Em 2013, as bombas de gasolina terão obrigatoriamente que incluir mangueiras com combustível low-cost. A única dúvida do Governo é o rácio - cinco para uma low cost ou seis normais para uma low-cost - mas a nova lei terá efeito já no próximo ano. "Vamos imp|or por lei um mínimo de mangueiras sem aditivo", adiantou hoje Artur Trindade, secretário de Estado na Energia, entrevistado na SIC Notícias.
"Haverá naturalmente um período de transição", "mas o objectivo é que a lei esteja a funcionar durante 2013", acrescentou. Contestada pelas gasolineiras, a medida será acompanhada por perto. "As leis são para cumprir. "Se fizermos uma alteração para cada posto, essa lei é para cumprir. Não é para o posto estar seco", garantiu Artur Trindade. Se a medida funcionar e mercado reagir de forma favorável, a reforma parará por aí. Caso contrário, "cá estaremos para agir com base aquilo que o mercado fizer", acrescentou o secretário de Estado. "Queremos que o preço seja mais baixo", adiantou, recusando uma intervenção administrativa nos preços.
A dinamização de redes de combustíveis low cost pode arrancar em janeiro, depois da aprovação final das medidas do Orçamento do Estado (OE) para 2013, admitiu hoje o secretário de Estado da Energia, Artur Trindade. Logo que a legislação para o setor esteja aprovada, poderá avançar-se para a referida dinamização, disse, em conferência de imprensa no Ministério da Economia, onde o ministro Álvaro Santos Pereira apresentou um novo conjunto de medidas de apoio à competitividade, emprego e investimento. (Ler mais aqui)
A inclusão no âmbito da proposta de Orçamento do Estado de um projeto governamental para obrigar os postos de combustíveis de maiores dimensões a disponibilizarem produtos não aditivados (os chamados low cost) está a ser bem acolhida pelos consumidores, mas com reservas pelo sector. Motivo: pode levar, por um lado, a uma subida de custos que se refletirá no preço do próprio produto e, por outro, a uma quebra nas margens de comercialização.
Carlos Barbosa, líder do Automóvel Clube de Portugal (ACP), reflete a boa notícia para os automobilistas: "É uma excelente medida do Governo que deve ser implementada o mais rapidamente possível", diz.
“O investimento nas gasolineiras não será muito avultado, admito que para as pequenas seja complicado, mas para as grandes é apenas uma questão de substituir um dos depósitos. As pessoas não têm que complicar o simples, e dessa forma os consumidores têm liberdade de escolha, uma vez que Autoridade de Concorrência não funciona e o Governo nada faz, esta sempre é uma boa medida. O Governo dá assim um rebuçado aos consumidores", acrescenta.
Mas, o responsável do ACP dá o mote para a reserva por parte do sector: é que o investimento poderá não ser tão pouco avultado e as coisas, por outro lado, mais complicadas do que parecem. De facto substituir um dos depósitos significa deixar de vender o produto que nele se encontra e, para evitar essa situação, acrescentar outro depósito poderá ser caro ou até inviável por questões de espaço e de segurança.
Paralelamente, é expectável que o consumo de combustíveis não aditivados cresça (um em cada quatro litros de combustível comprados em Portugal já é sem aditivos), fazendo descer a venda dos restantes, em que a margem de comercialização é maior. Por outro lado, os custos de abastecimento também poderão subir. Tudo isto sem que a rede nacional (2500 postos) consiga praticar preços tão baixos como os dos pontos de venda mais pequenos e simples, “especializados” exclusivamente na venda deste tipo de combustíveis e capazes, por isso, de comprar e comercializar mais barato.
Ontem, por exemplo, o posto do Jumbo de Setúbal vendia o litro de gasóleo por 1,419 euros, ao passo que o da Galp low cost daquela cidade anunciava 1,439 euros, segundo a Direção Geral de Energia. O secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro), António Comprido, fez já saber que há uma “confusão” ao pensar-se “ter uma mangueira com combustível não aditivado é a mesma coisa que vender combustíveis low cost”.
A Lusa tentou obter reações da Galp, BP, Repsol e Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), mas estas não quiseram comentar. A ANAREC, no entanto, recordou ao Dinheiro Vivo, que emitiu em outubro de 2011 um comunicado em que toma posição sobre o assunto, a propósito do Plano Estratégico dos Transportes, para a criação de uma rede de combustíveis low cost.
Nessa altura, a associação deixou claro “o interesse e a disponibilidade de todos os seus associados em dar o seu contributo para a comercialização deste produto low cost nos seus postos de abastecimento”.
“Já há muito tempo que a ANAREC defende que todos os revendedores de combustíveis gostariam de praticar preços mais competitivos, nomeadamente, através da venda de um produto mais barato. Alargado a toda a rede de revendedores de combustíveis, este produto tornará o setor mais competitivo no mercado em que atua. A ANAREC entende que, com a disponibilização deste produto através da rede nacional de revendedores, o consumidor poderá passar a adquirir/escolher, nos postos de revenda de combustíveis tradicionais, o produto com o qual quer abastecer o seu veículo”, lê-se ainda no comunicado.
Os postos de abastecimento sócios da ANAREC estão, na sua maioria, “presos” a contratos com petrolíferas e que terão de ser essas, portanto, a fornecer-lhes o produto. E a Apetro fez já saber, por intermédio do seu secretário-geral, António Comprido, que tem sérias dúvidas que esta solução contribua para baixar os preços, embora nada tenha a opor ao “crescimento de uma rede de combustíveis low cost”.
fonte:http://www.dinheirovivo.pt/E