Chegou a hora de fazer o balanço de 2015 nos combustíveis. O gasóleo registou 30 descidas e a gasolina apenas 23 no espaço de 52 semanas.
Depois de uma subida de preços nos combustíveis no arranque de 2016, a próxima semana vai ser caracterizada pela descida de um cêntimo no preço do gasóleo e a subida de meio cêntimo na gasolina. No caso do diesel, o balanço das 52 semanas de 2015 aponta para um total de 30 descidas. O resultado é que, na última segunda-feira do ano passado, encher um depósito de 50 litros de diesel custava 52,9 euros, menos 4,7 euros comparativamente à primeira semana de 2015. Apesar do movimento de 23 descidas verificadas na gasolina ao longo de 2015, a verdade é que este combustível acabou o ano a custar em média 1,334 euros por litro, um valor praticamente igual ao início do ano (1,327 euros) e sem qualquer impacto significativo no bolso do consumidor.
Fruto da agitação no Médio Oriente, a quebra de consumo de crude esperada na China e do aumento das reservas nos EUA, entre outros fatores, o valor do barril de petróleo fechou a semana abaixo dos 34 dólares, o valor mais baixo desde 2004. Há quem já vaticine o petróleo a 20 dólares, mas descontando essas previsões, a verdade é que o mercado tem registado quebras continuadas do índice Brent, que serve de referência para a Europa e que determina o preço de 60% do petróleo produzido em todo o Mundo. O “ouro negro” tem caído a pique, mas o consumidor não sente esse impacto de forma proporcional. “O que assistimos em 2015 foi a uma descida realmente acentuada do preço do petróleo, mas importa mais uma vez não deixar de destacar que o preço final dos combustíveis não tem correlação completa e absoluta”, afirma Paulo Carmona, presidente da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC). “A variação do preço internacional da gasolina e do gasóleo é justificado apenas em 80% pela variação do preço do petróleo. Aqueles produtos, tal como o petróleo, são transacionados em bolsas e não é raro, por exemplo, termos subidas do preço da gasolina e baixas do gasóleo, e vice-versa, estando o petróleo estável”, acrescenta. Na decomposição dos preços de referência, apurados pela ENMC, é percetível que o peso dos impostos é substancialmente diferente: cerca de 54% na gasolina e 45% no gasóleo, o que também ajuda a explicar variações diferentes nos dois produtos. A responsabilidade pelo facto de as quedas de preços não serem tão amplas quanto o esperado pelo consumidor tem também a ver com o facto de as refinarias estarem a aumentar as suas margens porque compram barato um produto (o petróleo) que é abundante e absorvem muita da descida que em teoria poderia ser repercutida no consumidor final. “Se virmos por exemplo o preço do pão, composto essencialmente por farinha e água, quando a farinha sobe os industriais reduzem a margem. Quando desce o preço nem sempre o refletem no preço do pão”, justifica o presidente da ENMC. O preço final pago pelo consumidor também é muito condicionado pela taxa de câmbio euro/dólar. Euro mais fraco significa mais despesa na compra do petróleo, que é sempre vendido em dólares. Os efeitos do petróleo barato são vários. Enumeramos aqui três dos mais visíveis. Automobilistas ganham As famílias sentem a baixa do petróleo através dos preços dos combustíveis. Uma vez que mais de metade dos veículos novos e antigos são diesel, as diferenças são sentidas de forma mais acentuada – gasóleo é mais sensível às variações do petróleo – pela maioria. Economia beneficia No fundo, toda a economia beneficia com o petróleo barato. Há um estímulo ao consumo, uma vez que as empresas baixam custos de transporte com combustíveis e até com o gás natural. Menores custos podem eventualmente resultar em preços finais mais baixos dos alimentos e de outros produtos. Fiscalidade aumenta Quanto menor for o preço do petróleo, maior o impacto fiscal. Se por absurdo o gasóleo custar 0, o consumidor terá sempre de desembolsar perto de 56 cêntimos por litro, tendo nesse caso um impacto fiscal de 91% no preço final (ISP+IVA+margens). - fonte: http://www.dinheirovivo.pt