O preço das gasolinas e do gasóleo promete descer consideravelmente nas próximas duas semanas se for mantida a atual trajetória de queda das cotações internacionais do petróleo. Esta é a perspetiva unânime dos especialistas do setor contactados pelo Expresso. José Horta, ex-responsável da Mobil e "decano" da indústria petrolífera portuguesa, considera mesmo que "se prosseguirem as quedas nas cotações de petróleo, o mercado português deverá refletir uma redução significativa no preço de venda ao público da gasolina e do gasóleo dentro de duas a três semanas".
A queda das cotações de petróleo está a ser forçada pelas grandes quantidades de petróleos que estão a chegar aos mercados internacionais, numa altura em que não houve aumentos no consumo - com a Europa e a China a evidenciarem abrandamentos.
"Além do aumento da produção petrolífera na América Latina, sobretudo no Brasil, os mercados estão a ter um excesso de oferta de petróleos de diversas proveniências, com grande expressão por parte das produções sauditas e do Médio Oriente, onde os contratos de futuros sobre o crude iraniano atingiram os valores mais baixos dos últimos seis anos, mas também dos produtores russos e do próprio petróleo norte-americano", comenta uma fonte de uma empresa portuguesa do setor.
As cotações internacionais para os barris de petróleo estão em queda significativa pelo quarto dia consecutivo, levando o petróleo do Mar do Norte - o Brent - a ser negociado em Londres entre os 88 e os 89 dólares por barril, o que constitui um marco psicológico relevante no setor, por ter sido quebrado o patamar dos 90 dólares por barril. É a cotação do Brent que serve de referência para o petróleo comprado para o mercado português, com o objetivo de ser refinado em Sines e Matosinhos.
Estes valores negociados para o Brent colocam o petróleo destinado ao mercado europeu em valores mínimos que correspondem aos que foram negociados no início de dezembro de 2010, ou seja, recuando quase quatro anos.
Para o mercado norte-americano, o West Texas Intermediate (WTI) caiu para cotações de 84,3 dólares por barril, sendo negociado entre 83,5 e 84,3 dólares por barril, o que coloca o WTI aos níveis dos preços praticados em julho de 2012.
Atualmente, a organização dos países produtores e exportadores de petróleo (OPEP) está a registar os níveis mais elevados de produção petrolífera, com a Arábia Saudita e o Irão a praticarem os preços mais baixos dos últimos seis anos para o petróleo que vão colocar no mercado em novembro.
fonte: http://expresso.sapo.pt/