Protesto de três dias poderá trazer problemas, principalmente no interior do país, mas não haverá uma «rutura significativa» do abastecimento
A greve dos trabalhadores da Galp, que começou esta segunda-feira e se prolongará até ao final de quarta-feira, poderá provocar o «esgotamento de alguns postos», mas não haverá uma «rutura significativa» dos stocks.
«O nosso objetivo não é criar problemas de abastecimento, não queremos uma rutura de stock para o público em geral. O que queremos é que não saia abastecimento das refinarias, que é o que está a acontecer. Agora, não é previsível um rutura significativa, mas admito que alguns postos vão esgotar», disse à Agência Financeira o coordenador da Fiequimetal, federação sindical dos trabalhadores da Galp, Armando Frias.
«Da nossa experiência de outras greves de três dias posso dizer que, embora não haja uma rutura no abastecimento do país, haverá alguns postos de abastecimento que vão esgotar, principalmente no interior, já que a empresa procura assegurar, prioritariamente, o litoral».
Por outro lado, com a «quebra do consumo», aliada ao «aluguer de tanques fora das instalações», o abastecimento geral está garantido, entende Armando Frias.
Uma garantia dada pela própria Galp: «Foram tomadas todas as medidas para que o abastecimento ao país não sofra quaisquer disrupções, o que até agora foi assegurado com sucesso».
Para já, de acordo com dados da Fiequimetal, na refinaria de Sines a adesão foi de «80 por cento no primeiro turno e acima de 90 por cento no segundo turno», acompanhando adesão verificada na refinaria de Matosinhos.
Ao mesmo tempo, na Lisboagás, a adesão ultrapassou os «70 por cento», enquanto que o pipeline Sines-Aveiro e os terminais petrolíferos estão «totalmente paralisados».
Números que «estão muito longe» dos contabilizados pela Galp que prefere, no entanto, «não alimentar a habitual discussão em torno dos níveis de adesão».
Certo é que, pelas contas dos sindicatos, serão «cerca de dois mil» os trabalhadores em protesto: aos «perto de 1.500 funcionários das refinarias e centros técnicos de gás», juntam-se os funcionários das empresas empreiteiras de construção e manutenção de unidades».
Em causa estão as alterações ao Código de Trabalho, que a empresa quer introduzir no Acordo Coletivo de Trabalho, e que os funcionários rejeitam.
«Os trabalhadores só querem manter os seus direitos», explicou Armando Frias, criticando a redução do valor pago por cada hora de trabalho, das horas extras, do descanso compensatório e subida da comparticipação para o seguro de saúde, exigindo ainda um «aumento salarial que não crie mais desigualdade».
Ao mesmo tempo, o sindicalista classifica de «escandaloso e imoral» o aumento dos lucros no primeiro semestre do ano, dos salários dos administradores e dos dividendos distribuídos aos acionistas.
A Galp Energia, por sua vez, responde que «a realização desta greve resulta da mera aplicação da lei, nomeadamente de cláusulas que são de aplicação obrigatória».
Já a Associação das Empresas Petrolíferas (APETRO) não quis comentar à AF «questões de índole laboral».
Quanto à queda dos preços dos combustíveis verificada nesta segunda-feira, a mais acentuada desde há um ano, fonte oficial da APETRO remeteu apenas para «a queda verificada na semana passada nas refinarias internacionais».
E a recomendação de baixar os preços feita pelo Governo?«Em primeiro lugar vamos ver se a TSU vai mesmo para a frente. Depois, se a ideia é criar emprego, então o objetivo não é baixar preço. A decisão caberá, portanto, a cada empresa».
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/