Os preços dos combustíveis voltaram a descer ontem, estando a cair há já dez semanas consecutivas, mas o consumo não está a recuperar. Pelo contrário, está a descer e em abril registou a maior descida desde 2005, ou seja, desde que a Direcção Geral de Energia (DGE) divulga estatísticas.
De acordo com os últimos dados divulgados no site do DGE, o consumo global de combustíveis caiu 7,8% entre abril de 2011 e abril de 2012, sendo que na gasolina a quebra foi de 10,3% (sem chumbo 98 caiu 23,6% e sem chumbo 95 caiu 9%) e no gasóleo de 7,7%, também as maiores descidas dos últimos sete anos.
De facto, nos anos anteriores, em termos globais, o consumo apresentou descidas entre os 1% e os 6%, sendo que o valor mais alto foi registado já em 2011, um ano de crise. Já na gasolina, as quebras oscilaram entre os 5% e os 7% entre 2005 e 2008 para depois começar a cair 8% e 9% em 2011, e no gasóleo, as quebras rondaram os 2% a 4% até 2011, ano que caíram 5,8%.
"O consumo de gasolina tem vindo a descer há alguns anos devido ao aumento do consumo de gasóleo, mas não a este ritmo, e por isso diria que uma quebra de 10,3% é uma das maiores de sempre, pelo menos dos últimos seis a sete anos", disse ao Dinheiro Vivo o presidente da APETRO, António Comprido, acrescentando que se passa o mesmo no gasóleo cuja quebra registada em abril foi também das maiores de sempre.
"Tradicionalmente, em abril vendem-se menos combustíveis que em março e depois volta a subir em junho, julho e agosto, começando novamente a descer em setembro", comentou ainda, ressalvando que agora a descida é muito mais significativa e que está, obviamente, relacionada com a crise económica e com o aumento dos preços dos combustíveis.
De acordo com o mesmo relatório da DGE, em abril, o preço médio de venda ao público da gasolina 95 cresceu 8,6%, o do gasóleo subiu 4,1% e até o do GPL, cujo consumo continua a subir (mais 6% quando comprado com abril do ano passado), cresceu 2,5%.
Preços que começaram a descer exactamente em abril e que têm estado em queda há mais de dois meses o que pode alterar o comportamento do consumo nos próximos meses.
De acordo com os dados da DGE, em abril registaram-se ainda perdas relevantes no consumo de fuelóleo (-17,0%), principalmente devido à quebra do uso deste combustível nas indústrias e na produção de energia, e ainda no gás natural no qual "continua a verificar-se um agravamento muito significativo de menos 8,5%", já desde agosto de 2011.
A contribuir para isto está a quebra de 20,3% no uso de gás natural para a produção de eletricidade. A substituir o gás tem estado o carvão, uma fonte mais poluente mas mais barata agora.
Diz a DGE que em abril de 2012, e já desde junho de 2011, o consumo de carvão cresceu 72,5% quando comparado com o
período homólogo anterior, sendo que na energia elétrica o consumo cresceu 76,2%.
"O aumento do consumo de carvão na produção de energia elétrica, deve -se, principalmente, ao regime de baixa hidraulicidade que s e tem vindo a verificar este ano e ao seu preço concorrencial com o do gás natural", pode ler.se no relatório da DGE.
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