Combustíveis: preços podem subir mais por culpa do Irão
O preço dos combustíveis deverá manter a tendência de subida - esta semana começou com novos preços recorde - enquanto se mantiver a tensão entre o Irão e as potências ocidentais. E está ainda dependente da resolução da crise na Zona Euro, admitem a APETRO e a ANAREC.
«Se o embargo às exportações do Irão for para a frente ou se o Irão cumprir as ameaças de bloquear o estreito de Ormuz, iremos assistir a um agravamento dos preços», defendeu à Lusa o secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), adiantando que o aumento do preço dos combustíveis se deve em grande parte ao nervosismo do mercado.
António Comprido adiantou que a tendência de aumento dos combustíveis reflecte também o impasse na resolução da crise da dívida soberana na Zona Euro, que tem conduzido à desvalorização da moeda única face à norte-americana, em que o crude é negociado.
Também o presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), Virgílio Constantino, admitiu que «a questão do Irão pode vir a agravar a situação», considerando que «os mercados estão bastante agitados». «Gostaríamos que o mercado estabilizasse um pouco a bem da economia, mas temos dúvidas».
Preços sempre a subir
Esta semana, as gasolineiras voltaram a aumentar o preço dos combustíveis: na Galp, que faz uma actualização semanal, o preço da gasolina e do gasóleo aumentaram quatro cêntimos para 1,634 euros e 1,485 euros/litro respectivamente.
Nos postos da CEPSA, o litro do gasóleo passou a custar desde segunda-feira 1,484 euros e a gasolina 1,624 euros, depois de um aumento de três cêntimos.
Também nos postos da BP, os preços subiram: um cêntimo o gasóleo, valendo agora 1,469 euros por litro, enquanto a gasolina subiu dois cêntimos para 1,619 euros, sendo expectável novas alterações de preço nos próximos dias.
O estreito de Ormuz situa-se numa posição estratégica do Golfo Pérsico: separa o Irão, a norte, dos Emirados Árabes Unidos e de Omã, a sul. Passam por lá cerca de 40% das importações de petróleo dos EUA e da Europa.
O Irão, que começou no sábado dez dias de exercícios navais no estreito e no Oceano Índico, evocou a possibilidade de bloquear a passagem caso fossem aplicadas sanções ocidentais contra as suas exportações de petróleo.
«Se os inimigos [do Irão] bloquearem as exportações do nosso petróleo, não permitiremos que passe uma gota de crude pelo estreito de Ormuz», disse ao jornal iraniano Khorasan Ali Ashraf Nouri, porta-voz dos Guardas da Revolução.
Nouri referia-se à possibilidade de o Ocidente aplicar sanções contra as suas exportações de petróleo, devido à continuação do programa nuclear iraniano.
Entretanto, os Estados Unidos, pela voz o secretário da Defesa norte-americano, Leon Panetta, já anunciaram que «vão reagir» se o Irão tentar bloquear o estreito de Ormuz.
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/